quinta-feira, 29 de abril de 2010

Caso Maristela Just

Essa postagem não se trata de filosofia muito menos poesia. É apenas uma colaboração a respeito de um apelo de uma amiga minha, que tem sede por justiça e me encaminhou o seguinte via e-mail:

Nos próximos dias 13 e 14 de maio, haverá o julgamento do assassinato da estudante universitária Maristela Just pelo seu ex-marido, o comerciante José Ramos Lopes Neto, ocorrido em abril de 1989.

A família, que já luta há 21 anos para que o processo seja devidamente julgado, está mobilizando toda a sociedade a voltar sua atenção ao caso, que prescreveria no próximo mês de julho. O processo será julgado na 1a. vara do Fórum de Jaboatão dos Guararapes - PERNAMBUCO, onde será submetido a júri popular.

O acusado, filho do renomado advogado criminalista pernambucano Gil Teobaldo, disparou na noite de 4 de abril de 1989 três tiros fatais contra a ex-mulher de 25 anos, um tiro na cabeça do filho de 2 anos e um outro no ombro da filha, então com 4 anos, além de ter deixado baleado o cunhado Ulisses Ferreira Just, quando o mesmo tentava socorrer a irmã e os sobrinhos. Os três feridos permanecem até hoje com sequelas graves, tendo o caçula o lado esquerdo do corpo paralisado e o cunhado, que tinha 27 anos à época, um projétil alojado na coluna de forma irreversível.

O crime aconteceu na casa dos pais da vítima, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, e o acusado, mesmo após ter sido preso em flagrante e confessado a autoria dos crimes, permanece em liberdade desde 1990, aguardando o julgamento do processo.

Desde que foi informada a respeito da data oficial do julgamento, a família Just disponibilizou diversas informações e documentos sobre o caso, que hoje circulam na Internet através de e-mails, blogs e redes sociais. Foram criados ainda um blog oficial sobre o caso e um canal no Twitter, a fim de esclarecer melhor os fatos à sociedade. A campanha vem apresentando resultados significativos, com a manifestação de apoio de diversas autoridades e entidades pernambucanas, que, junto aos amigos da família, demonstram sua solidariedade e empenho em levar o caso ao conhecimento de um número cada vez maior de pessoas.

Sendo assim, pedimos que, se possível, ajude-nos a divulgar a situação e apoiar a família em sua luta por justiça.

Rossana Just

ACESSE: www.casomaristelajust.blogspot.com
Twitter:
@casomaristelaju

sábado, 17 de abril de 2010

"Roubolation" x "Idiocracia"


Essa é especialmente para os defensores do sistema democrático, que legitima os líderes da nação pelos méritos de uma maioria incapaz.
Peço aos defensores da democracia que me citem, ao longo de toda a história da humanidade, um único exemplo onde um sistema baseado na democracia tenha dado certo. Não apoio ditadura, comunismo ou qualquer outro rótulo de praxe, apenas me emputeço com a pregação da democracia como o modelo ideal de gestão, partindo do pressuposto que a maioria é detentora, necessariamente, da razão.
Somos capazes de pensar algo melhor em relação a estas opções que nos põem à mesa? Eis o desafio dos futuros filósofos políticos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Dilema

Vinde tropeçando sedenta
Ao que acolho-te nos braços.
Mortos, estupefatos. Prenda
O que faz-me vagar em passos.

Esculachos de uma nota só - emenda
Tua boca quebrada nos traços
Que outrora me puseste a venda.

Que gira em torno da fenda?
Sacrificando-me abertos espaços,
Com vultos e vermes arrochando na prensa.

A rosa que me quer sentir
Sem nada, sem nexo, sem sexo
Identificada tão-somente neste porvir.

Acato-a, sem perguntar
Para nada peço explicação
Bato na trilha de ferro - sem relutar.

Sinto apenas o cheiro da carniça nos lábios teus.
Dessa tênue forma,
É assim que faço-me Deus.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Nova enquete no ar

Selecionei algumas personalidades religiosas para descobrirmos: quem será que alucinou o maior número de pessoas? Participe!

Aos religiosos: tenham senso de humor e votem no seu guru... quem sabe ele não é o contemplado?

(Risos mal-assombrados, daqueles de Thriller)

sábado, 3 de abril de 2010

Peixe na "Semana Santa": questões éticas ignoradas pela mídia

Na Semana Santa, a celebração da morte e ressurreição de Jesus divide o espaço com o boom do comércio e consumo de carne de peixes. O feriadão em questão, em especial a Sexta-Feira Santa, é a época em que mais se comercializa e se consome esse tipo de carne no ano. As feiras, peixarias e supermercados de todo o Brasil lotam-se com milhões e milhões de peixes e uma multidão os compra para comê-los. A sociedade curte muito e a mídia incentiva, mas, aos olhos da natureza e da ética do respeito à vida animal, tais comportamentos se fazem perigosos e condenáveis.

A imprensa que fomenta a morte dos peixes

A imprensa, alienando a população de todos os problemas éticos e ambientais causados pela pesca, mostra com satisfação a prosperidade temporária dos vendedores de peixe (morto), ignorando e/ou omitindo completamente que é essa mesma fartura que vem causando um dramático declínio na população de grande parte das espécies “pescáveis”, se não todas, em todos os mares e oceanos do planeta.

As notícias sobre queda e extinção local de muitas espécies de peixes multiplicam-se, mas, de forma quase irônica, as relacionadas ao comércio e consumo de “pescado”, sempre acríticas, ganham destaque, muitas vezes nos mesmíssimos jornais, telejornais ou sites, durante o feriado cristão. Notas sobre preço, disponibilidade e demanda e receitas culinárias imperam nos dias anteriores à Sexta-Feira Santa, dia em que a carne vermelha é vedada da mesa dos cristãos – por motivos meramente religiosos, nada relacionados com ética, compaixão ou não-violência.

E os fatos de que os peixes agonizam muito em asfixia depois de retirados da água e poderiam ter suas vidas poupadas e respeitadas graças à existência do vegetarianismo simplesmente inexistem perante o olhar dessa mídia.

A crise ambiental que a Sexta Santa ajuda a piorar

Com todo esse estímulo da TV, dos jornais e dos portais online e embalado pela tradição, o povo se esbalda com a carne aquática no feriado. Ignora-se completamente que o costume cristão vem ajudando muito, para não dizer fundamentalmente, para a já citada crise populacional dos peixes nas vastas águas da Terra. Para se ter uma ideia dessa que se mostra como uma calamidade ecológica, alguns dados:

- A pesca em grande escala está ameaçando nada menos que 75% da população de peixes do mundo, segundo estudo da WWF de 2008

- Na faixa territorial oceânica brasileira, 80% das espécies mais procuradas por pescadores estão ameaçadas de extinção por causa da sobrepesca e da pesca por redes de arrasto

- 80% dos bancos de pesca mundiais estão em declínio ou esgotados

- A pesca hoje está num ritmo duas a três vezes superior à capacidade de regeneração das populações aquáticas das águas do planeta. Em tal ritmo, todas as espécies “pescáveis” terão desaparecido em 2050

- A população de peixes está diminuindo consideravelmente em diversos locais do mundo onde é pescada. A população de atum-azul diminuiu 10% em relação a meados do século 20 no Oceano Atlântico e no Mar Mediterrâneo. Na costa da Escandinávia, já foi extinta. Nas fazendas de aquicultura da Europa, caiu 25% em apenas um ano

- Pesca e pecuária estão interligadas: rações preparadas a partir de peixes representam 37% do total de peixes retirados anualmente dos oceanos; 90% dessa porcentagem são trans-formados em óleo e farinha de peixe. Dessa farinha e óleo, 46% são utilizados como alimento na aquicultura de peixes e outros 46% são destinados para ração da pecuária suína e aviária

- Das 30 espécies de tubarões pelágicos, que vivem em alto-mar, 11 correm em risco de extinção por causa da pesca que captura ora tubarões inteiros, ora suas barbatanas (nesse caso os tubarões são abandonados à morte depois de mutilados)

- A pesca profunda com redes de arrasto é capaz de levar embora, junto com os animais "pescáveis", até 4 toneladas de corais, o que vem contribuindo para a ameaça mundial que os recifes de coral estão sofrendo

Sofrimento dos peixes e ética

Também merece ser considerado o sofrimento desses animais quando são içados da água. Basta ver a força e o frenesi com que o peixe se debate depois de capturado, mais o movimento de sua boca quando já perdeu suas forças. Sua agonia é algo escancarado, visível a todos, mas é tratada com muita naturalidade e insensibilidade pelo pescador e totalmente ignorada por quem come esses bichos.

Mas felizmente há como evitar causar esse sofrimento intenso: a existência do vegetarianismo, com sua cada vez mais comprovada (aqui há um exemplo) sustentabilidade nutricional, torna o consumo de carne de peixe totalmente dispensável e nos permite respeitar o direito à vida dos peixes e evitar que eles sofram em nossas mãos. Aliás, todos os animais, como seres sencientes (exceto poríferos), têm o direito à vida e ao respeito ao seu consciente interesse de viver, e sua morte para consumo alimentar pode ser evitada com a adoção da alimentação vegetariana.

Mas tudo isso não é nada perante a imprensa e a sociedade, que desconhecem esses direitos e a capacidade dos peixes de sofrer e continuam cegamente comendo suas carnes. Promovem, sem nenhuma preocupação, a agonia tanto senciente quanto ecológica desses bichos. O vegetarianismo não é reconhecido pelos veículos de comunicação nem pela maioria dos cristãos como meio de se fazer uma Semana Santa iluminada pelo respeito e compaixão à vida – pelo contrário, levam adiante a crença tácita de que esses animais não são dignos de ter suas vidas preservadas e recusam-se a incluí-los em sua ética de respeito ao outro. Aliás, no feriadão o vegetarianismo e os pratos livres de animais praticamente deixam de existir na mídia.

Consideração final

A alienação ambiental, a ética seletiva e o desamor perante formas sensíveis de vida são velhos costumes na semana santificada por uma religião que ironicamente prega a caridade e o amor ao próximo. Nesta época são praxe os pecados contra a vida e a natureza. E a cristandade, apoiada pela tradição e pela comunicação de massa, caminha tornando a biosfera cada vez mais desequilibrada e escassa de fauna e causando sofrimento e morte despreocupadamente a bilhões de animais. Enfim, tornando o mundo pior.

Créditos: http://consciencia.blog.br/