quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Papagaios Amestrados

A pedra se bate com os ratos na carcerária
Que escancaram uma podridão multicintilante
Transborda de lucidez na luz que lhe é precária
Uma porta de entrada para o busto do amante

Vos diz em silêncio em póstuma mortalha:
- A pedra me é encanto numa lasca ambulante!
Nisso, faz gemer os incautos, incultos canalhas
Que deixam de sê-lo num primeiro instante

Por puro egoísmo, do egoísmo burro que calha
A pensar que a vantagem do alheio é alheia a si
E desponta a margem no rebanho da migalha

Papagaios amestrados ignorando a falha
Dum bem maior que perpassa sua psi
Inocentes ou putrefatos, eis a massa petralha.

Recife, 25 de agosto de 2010