segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O canto da flor carniceira

Nefasto porre de dúvidas
Anjos e demônios mal-criados
Assoviam perenes e endiabrados
Alheios, inertes às minhas súplicas.

A carta ensimesmada por músicas
Professava esta penúria de escravos
E antes de tais profecias, o agravo
Eram os outros mártires e suas túnicas.

Esta flor carniceira é pura atração
Sambando, guardando os espasmos
Somente para o dia da frustração,
Que retorna ao seu canto de estragos.

Parte embora vitoriosa, como não
Poderia deixar de ser.
Zomba novamente de tua cara,
Que já não tem nada a perder.



MOREIRA, Saulo. Arquivo Poético. Olinda: Elógica, 2004.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Cura Parapsicológica? Sensacional polêmica

Outro caminho? - A cura por meios parapsicológicos receberia o nome de para-iatria ou meta-iatria (raizes de para-psicologia ou meta-psíquica, e iatria do grego ´iatriké = medicina). Paraiatria (à margem da medicina) é termo preferível a Metaiatria (supramedicina), pelos mesmos motivos pelos quais os especialistas modernos preferem o termo Parapsicologia ao de Metapsíquica dos antigos. Etimologicamente o nome Paraiatria, nada mais afirma que um outro caminho de cura diferente do habitual em medicina. Parapsicologicamente pode-se desencadear a atividade do psiquismo? Existe a cura por força parapsicológica ?

A cura da "bicheira" - A cura "mágica" (?) da bicheira (mitase) do gado, é um fato testemunhado por inúmeras pessoas e confirmado por observações científicas, como tantas outras vezes, a "Microparapsicologia" ou escola norte-americana de Parapsicologia, está fora dos trilhos. Resume o Dr. Rhine, o mais destacado e fundador dessa escola: "Há ainda um caso, talvez o mais estranho desta série estranha. Entre todos esses efeitos orgânicos de ordem médica (...) não há nenhum que pareça mais interessante, do ponto de vista científico, e mais fecundo do que a velha arte, simples e sem elegância, de expulsar as verrugas e outras excrescências da pele dos animais de fazendas. Não parece convincente supor que só a sugestão possa retirar uma excrescência do animal como, segundo consta, os encantamentos retiram as verrugas dos humanos. No caso do animal é necessário, manifestamente, uma ação psicofísica direta sobre a excrescência mesma. Se os relatos justificam finalmente a conclusão científica precisa de que o curador é verdadeiramente o agente efetivo, então, estes fenômenos são casos de psicocinesia".

Que disparate! Psicocinesia (PK), ação extrasensorial sobre a matéria, fenômeno que só existe na imaginação da "Microparapsicologia".

O próprio Rhine conta em outro livro um exemplo de cura da bicheira:
"Uma das mais respeitadas pessoas de minhas relações, uma senhora responsável e culta, conta que sua família ficou impossibilitada de vender uma novilha puro-sangue, por tantas verrugas que nela nasceram. Um indivíduo da localidade, afamado como capaz de fazê-las desaparecer, deu ao tratador algumas palavras que deveria pronunciar enquanto alimentava a novilha... E dentro em pouco as verrugas desapareceram. Bastante rapidamente para impressionar a família, embora não se tivesse realmente conscientizado do tempo decorrido".


Por que cura? - Prescindimos de muitos casos em que a bicheira cai espontaneamente: a bicheira tem seu tempo para se desprender. Um vaqueiro e curandeiro observador e espertalhão encontra o modo de realizar seu ritual, precisamente quando prevê que a bicheira amadureceu e vai cair, e encontra mil desculpas em outras oportunidades. É uma primeira explicação para alguns casos.

Mas o fato é que, outras vezes, alguns curandeiros curam a mitase. Será que a vaca acostumada a obedecer ao homem, ao dono animado pelo curandeiro, anima-se e ativa as defesas do próprio organismo? É uma possível explicação, rara para outros casos, com vacas "de estimação".

Mas, não basta: como dizia Rhine, "parece difícil atribuir o efeito à sugestão"..., ao menos, acrescentamos nós, em casos de cura de bicheira em gado meio selvagem que pouco ou nada obedece... É necessário, da análise dos fatos, concluir por algum influxo energético do curador (não PK, senão telergia, fenômeno do qual a Microparapsicologia não conhece nem o nome).

Pesquisa - Os parapsicólogos da "Society for Psychical Research" de Calcutá, após um rigoroso estudo, chegaram às seguintes conclusões 1º) Nem todas as pessoas podem curar a bicheira; 2º) O curador tem um dom especial, inalienável. Se pretender ensinar o "modus operandi" a cinqüenta pessoas, talvez uma só ou nenhuma conseguirá êxito; 3º) A cura independe totalmente dos meios empregados.

Cada curador tem seu próprio ritual, às vezes dos mais absurdos. Com efeito, nós temos comprovado que uns recortam a pegada da vaca no céspede e lhe dão a volta; outros cortam uns pedacinhos dos pêlos da cauda e os enterram; outros pegam a babosidade da boca do animal e parte introduzem na orelha esquerda da vaca e parte queimam; uns sussurram fórmulas misteriosas e supersticiosas do mais baixo espiritismo na orelha da vaca; outros, naquele dia, vão à Missa e rezam o terço para ainda recitar outras orações raras e absurdas na presença do animal; há quem de inumeráveis passes sobre todo o corpo da vaca; outros impõem a mãos sobre a bicheira, etc.

Às mesmas conclusões, há já bastante tempo, em 1898, chegara um médico brasileiro, Dr. A. Felício dos Santos, após pesquisar o caso da cura da bicheira nos campos de Minas Gerais. Além do mais, realizou um amplo inquérito obtendo inúmeras respostas de fazendeiros e veterinários de todo o Brasil.


Curandeirismo e Umbanda. É claro que a criancinha não se ugestiona, mas a mãe fica convencida... e quando acudir ao médico pode já ser tarde.
A telergia - A telergia pode murchar uma planta ou matar uma animalzinho. Evidentemente explicarmos este poder sobre animais pequenos e plantas. devemos deixa-lo para outra oportunidade, ao estudarmos o popularmente chamado "mau olhado".

No homem - O caso da cura de mitase pode servir- nos de introdução à análise dos diversos hipotéticos modos de cura parapsicológica no homem.

Devemos distinguir quatro hipóteses teóricas de influência parapsicológica no campo do curandeirismo:


1) Influxo energético, influência física (telergia, extranormal, EN) do curandeiro agindo na presença do doente.

2) Influxo espiritual, influencia extra-sensorial (PK, paranormal, PN) do curandeiro agindo independentemente do tempo ou da distância do doente.

3) Influência do próprio doente sobre o próprio organismo, sendo estimulado à distância, no tempo ou no espaço, pelo curandeiro.

4) Influência do próprio doente sobre seu próprio organismo ou doença, sendo a presença do curandeiro e seu influxo uma espécie de catalisador ou estímulo dessa atividade.


PRIMEIRA HIPÓTESE
Influxo energético do curandeiro agindo na presença do doente. O curador exterioriza uma energia (telergia), transformação da própria energia orgânica.

É evidente que se algumas pessoas podem matar animais pequenos com a sua telergia, também podem curar a "bicheira" da vaca, matando esses bichinhos ou fazendo-os cair (telecinesia). A telergia pode atuar sobre a "bicheira" da mesma maneira que golpeia (tiptologia) ou movimenta objetos (telecinesia). Acreditamos que todas as inumeráveis provas que se aduzem para demonstrar a existência da telergia, tiptologia e telecinesia, são outras tantas provas incontestáveis do possível influxo parapsicológico sobre a "bicheira".

Ora, pode acontecer algo análogo com o homem? Tema complicado. Iremos por partes.

Nas plantas e na carne - Entre as numerosas experiências que têm demonstrado que alguns psíquicos (nome dado às pessoas que manifestam fenômenos parapsicológicos) podem influir mediante sua telergia sobre animais pequenos e plantas, algumas podem nos orientar no tema do curandeirismo no homem por telergia.

Assim, por exemplo, os Drs. Clarac e Llaguet comprovaram que uma senhora, Da. Rosália Cataldo, podia mumificar tecidos vivos com a imposição das mãos, sem tocá-los. De 15 a 20 minutos demorava ela em dissecar flores, conservando-se a cor aderência das flores ao talo. Enquanto os outros sucos de uva, usados como comparação, se alteravam em três dias, o suco idêntico sobre o qual ela colocava as mãos se mantinha sem fermentar. Em 13 dias dissecava moluscos, ou pelo contrário, conservava pescados sem que perdessem suas cores naturais. Órgãos extraídos de animais, principalmente o fígado e o baço, conservava-os sem putrefação e sem cheiro nenhum. Sangue de coelho ficou vermelho durante 21 dias, secando-se depois sem nenhuma putrefação, ficando os glóbulos inalterados na forma ao exame microscópio. Deteve imediatamente a putrefação iniciada de um canário, mumificando-se o cadáver em cinco dias.

O prestigioso pesquisador e diretor do "Institut Métapsychique Internacional" de Paris, Dr. Gustavo Geley, verificou estas experiências. Pessoalmente constatou que inclusive sem evisceração, animais relativamente grandes se conservavam tão perfeitamente, após a imposição repetida das mãos da psíquica, que se podiam empalhar. Verificava-se que os parasitas microbianos eram destruídos indiretamente, pela resistência dos tecidos.

Faculdades parapsicológicas, como mera possibilidade, sem manifestações, todas as pessoas têm. Nesse sentido são faculdades normais. Emissão de telergia num grau ao menos ínfimo todo o mundo pode manifestar, ao que parece, alguma vez.

Uma experiência que às vezes pode ter êxito. O leitor poderá repeti-la. Escolhe-se um pedaço de carne crua. Impõe-se-lhe as mãos durante um par de minutos (ou mais, segundo os resultados), de forma que as extremidades dos dedos, inclinadas sobre a carne, fiquem a uma distância de um centímetro dela. Renovando-se a operação por 5, 6 ou mais vezes por dia, se necessário, observar-se-á que o pedaço de carne escurece, seca e pode depois ser conservado quase \indefinidamente. Outros pedaços de carne idêntica, não submetidos a este processo, entrarão em putrefação. Nem sempre se obtém êxito...

Nos animais - Os Drs. Bernard Grad, Remi Cadoret e G. I. Paul realizaram um interessantíssimo trabalho sobre a ação da telergia exteriorizada por um homem simples que mediante a imposição das mãos, "curava" feridas cirúrgicas feitas num grupo de 300 ratos brancos de laboratório.

O parapsicológico não é comum: os resultados foram esporádicos. Mas indiscutivelmente provatórios.

As pesquisas foram realizadas em trabalho conjunto por parapsicólogo do Departamento de Fisiologia da Universidade Mc. Gill, de Montreal.

Ora, à vista desses fatos, não se pode esperar que a telergia possa curar doenças do homem? Interessante pergunta.

Voltamos assim ao tema do "magnetismo". Mesmer acreditava que as "curas" e convulsões prévias se deviam ao "magnetismo" ou "fluido", que, dirigido pelo magnetizador e emanado pelas pontas dos dedos, atuava sobre os nervos do paciente e, indiretamente, sobre qualquer parte do organismo.

O mesmerismo na antigüidade. As teorias e práticas que Mesmer pretendeu elevar à categoria de arte terapêutica regular, sempre se tentaram utilizar.

Entre as descobertas do antigo Egito, encontram-se, sobre o muro de uma habitação, hieróglifos que se referem à arte de curar: vê-se um sacerdote em atitude de "magnetizar" um paciente por meio de passes.

Segundo Ennemoser, o "magnetismo" era praticado nos templos de Ísis, de Osíris e de Sérapis. Os sacerdotes da época praticavam a imposição das mãos com intenção terapêutica.

Na Ásia parece que desde a Antigüidade até nossos dias se utilizou o "magnetismo".
Paracelso (1493-1541) e Van Helmot (1577-1644), entre outros, conheciam o "magnetismo" na Medicina.

Na antiga Roma existiam "tocadoras", certas mulheres especiais que tocavam ou passavam as mãos suavemente sobre a parte doente para aliviar o paciente. Não se tratava em absoluto de meras massagens.

Caso parecido seria o costume universal de que a mãe, uma pessoa sadia, ou o próprio doente ponha a mão sobre a parte dolorosa...

Tratando-se de terapia empregada mais ou menos regularmente, é evidente que não se tratava geralmente de "magnetismo", de telergia, de força parapsicológica e sim de sugestão e outros fatores psicológicos. Assim foi demonstrado, nascendo o hipnotismo.
Mas, alguma vez, esporadicamente, poderia haver emissão e cura por telergia? É o tema que aos ocupa.

A origem de um mito - "O rei te toca, Deus te cura" tem sido um "slogan" e uma prática que alcançou muito prestígio durante séculos.

Suas origens são muito antigas. Plutarco conta que o rei de Épiro "curava" cólicas e doenças do baço fazendo que o paciente deitasse, de costas, e então o rei passava o dedo gordo do pé sobre as costas do supersticioso súdito. O paciente, cheio de fé e emoção, "sarava"...

Também o historiador Célio Espartanus atribui costume e façanhas semelhantes ao imperador Adriano.

O "toque real" posteriormente foi adotado por muitos monarcas demagogos ou condescendentes da Inglaterra, a partir de Eduardo, o Confessor. Dele teriam herdado tal direito e poder os seus sucessores. As antigas crônicas referem inumeráveis casos e "êxitos" terapêuticos do "toque real".

Em seguida os monarcas franceses decidiram imitar tão prestigiosa prerrogativa: também os reis franceses eram ungidos por óleo sagrado no dia da sua coroação! Existia uma lenda tradicional entre o povo, segundo a qual o óleo das sagrações reais tinha sido trazido diretamente do céu por uma pomba o dia da conversão de Clóvis!

O Toque Real - A imposição das mãos para "curar" foi "bem sucedida" aparentemente (salvo realmente nos milagres ou casos de Divina Providência especial) em reis de muito prestígio, tais como Eduardo O Confessor, São Olavo, o imperador Adriano, o rei da Noruega, Felipe I de França, Carlos imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos II de Inglaterra, etc.

Durante muitos séculos existiu o costume do Toque Real. Assim, por exemplo, na França, durou dez séculos. Era principalmente aplicado a "curar" a escrófula (ulcerações ou fístulas, com tumores ganglionares, tanto se era manifestação da tuberculose ou da sífilis, como provocada por outros micróbios e fungos patogênicos).

Cerimônias do mais absurdo curandeirismo na análise moderna, naquelas épocas eram consideradas ritual religioso. Realizavam-se nas grandes solenidades, como a coroação do rei, sua visita a alguma cidade, e na véspera das grandes solenidades religiosas, tais como a Páscoa, Pentecostes, Todos os Santos, Natal...

Milhares de pessoas se acharam "curadas" pela imposição das mãos do rei. Somente numa sessão, em 1430, Filipe de Valois tocou 510 escrofulosos. Henrique III, na sua passagem por Poitiers, em 1577, tocou mais de 5.000. Luís XIV, sem sair de Paris, realizou mais de 5.000 toques entre 1694 e 1697. No dia das suas sagrações como reis, Luís XIV e Luís XV realizaram cerca de 2.000 toques cada um.

Após a morte de Luís XV já não quiseram os reis seguintes continuar atribuindo-se dons, que não tinham mais fundamento do que a superstição do seu povo. Carlos X, demagogicamente, tentou renovar o costume, mas sem êxito e houve por bem desistir: já tinham desaparecido o prestigio sugestionador do Toque Real na maioria dos franceses, ficando unicamente como uma lembrança histórica de crendices, preconceitos e costumes injustificáveis em pessoas esclarecidas.


E por telergia? - O "toque que cura", é possível que em algum rei alguma vez tivesse uma ação mais objetiva, telérgica? Mas, a telergia cura? Haveria, como tantos acreditam, "transmissão de energia"?

O toque plebeu - Algumas outras pessoas, plebéias, tiveram também grandes "êxitos" com a imposição das mãos.

Um dos mais famosos foi Valentin Greatrakes, da Irlanda, ex-juiz de paz em Cork, homem dedicado à meditação e contemplação. Diziam que muitas vezes curara a escrófula.


Sua esposa não acreditava nesses milagres nem sequer nesse poder misterioso que lhe referiam do seu marido, o que mostra, ao menos, que o êxito ou milagre não era regular.

O médium espírita Geraldo de Pádua absorveria a doença num copo (!). Para melhor enganar: No "Templo Universalista Jesus Cristo" (!!).

Uma vez, meio brincando, a esposa desafiou-o a tentar curar uma criancinha com escrófula muito dolorosa nos olhos, maçãs do rosto e pescoço. Humildemente perante o jocoso desafio, Greatrakes impôs as mãos sobre as partes afetadas da criança, e "dois dias depois o olho estava quase são" e o pescoço expulsara o pus. Um mês depois, a criancinha "estava perfeitamente curada".

O médico Dr. Stubbes pretendeu explicar os motivos do êxito de Greatrakes com palavras que poderiam ter sido emprestadas de Mesmer, se prescindirmos da terminologia e mentalidade próprias da época: "O corpo de Greatrakes está composto de fermentos peculiares, cujos eflúvios se introduziam nos corpos de seus pacientes ao tocá-los. Tais eflúvios (...) dissipam a doença".

Erro de apreciação - Exporemos mais detalhadamente em outro artigo (e já explicamos no livro "As Forças Físicas da Mente") que o Dr. Jussieu, menos partidarista e mais objetivo, se negou a assinar a conclusão completamente negativa das comissões reais contra o "magnetismo" ou "mesmerismo". O Dr. Jussieu soube distinguir muito bem entre habitual e exceção. Habitualmente, os efeitos atribuídos ao "magnetismo" não eram mais do que sugestão ou hipnotismo. Mas excepcionalmente havia também "magnetismo"?

Quando publicado, o parecer das comissões esteve muito longe de convencer a todos os sábios. Sessenta anos depois a Academia haveria de retratar-se por ter endossado a conclusão dos comissionados reais contra o "magnetismo" mesmérico. Mas pouco depois retratava-se da retratação! Grandes sábios e nomes de prestígio, sem deixar-se influir pelo desconhecimento da maioria, compreenderam e admitiram a existência do "magnetismo" deslindando-o mais ou menos dos exageros e crendice.

Parecidas ou idênticas idéias expuseram o filósofo Bouillet, o físico Ampère, médicos e fisiologistas famosos como Aubin Gauthier, Hénun de Cuvilliers, Teste Lafontaine, Charpignon, Dupau, Du Potet, Despine, Lausanne, Morin, Oliver, Perrier, Recard, etc.

Assim, por exemplo, Deleuze descrevia o "magnetismo" como uma emanação oriunda de nós mesmos (nada dos fluídos universais de Mesmer), comandada pela vontade. "Magnetizar -acrescentava Deleuze- para curar, é socorrer com sua vida a vida enfraquecida de um ser que sofre".

Esta última definição é que precisamos discutir...
O tema, parapsicológico, não normal, superava a capacidade da ciência daquela época. Após muitas vicissitudes e polêmicas, a Parapsicologia moderna terminou dando a razão a Jussieu, a Durand de Gros, a Braid, etc. no sentido da existência do "magnetismo", a telergia, como manifestação excepcional.

Mas o problema é: a telergia age sobre outras pessoas? Segundo Mesmer, o "magnetismo" só pode ser aplicado por uma pessoa, que poderíamos chamar super-sadia, cheia de saúde ou, como diz o povo, "com saúde para dar e vender". E o "magnetismo" só poderia ser aplicado aos doentes: faltos de vitalidade. "Um corpo em situação de harmonia é insensível ao magnetismo (...) Pelo contrário, um corpo que perde a harmonia, embora ordinariamente não seja sensível ao magnetismo, agora é (...) Curada a doença, o magnetismo perde seu influxo. A aplicação do magnetismo cresce com as doenças".

Escrevia Charpignon, refletindo a tese dos mesmeristas: "O fluído magnético, como todos os outros fluídos, é dinâmico, é a força vital. Acumulá-lo no sistema nervoso é, pois, aumentar as forças da vitalidade". Com "fluído vital" (ou telergia) recebido do "magnetizador", aumentariam as forças do paciente para poder se recuperar.

Um homem extraordinário. A Angelo Achile, "o mago de Nápoles", se atribuem "curas"... Estudado em 1947 por uma comissão de parapsicólogos da "Societá Italiana de Metapsíquica", comprovou-se que, de fato, às vezes emitia telergia. Às vezes manifestava um potencial elétrico de até 200 milivolts (o normal oscila entre 24 e 40) e nestas circunstâncias realizava algumas telecinesias incontestáveis, movimentando sem contato pequenos objetos ao seu redor.

As "curas" eram devidas também, ao menos em parte, a essa telergia realmente exteriorizada às vezes por ele? A telergia "vitalizava" o doente? A comissão de médicos e parapsicólogos da "Società" testemunhou no Congresso Internacional de Parapsicologia, celebrado em Saint-Paul-de-Vence, que foram admitidos os fatos de emissão telérgica, mas que se reserva "todo juízo sobre sua eficácia terapêutica".
Também o Dr. Patini publicou um trabalho demonstrando a "exteriorização de energia" por Angelo, mas nada a respeito de curas.

E uma mulher extraordinária. A Sra. Tommasini, estudada pelos Drs. Boschi e Ruata, com a imposição das mãos "curava" a artrite, paralisia, neurite, etc. Inclusive, após algum tempo, úlceras.
Tais "curas" da Sra. Tommasini eram alguma vez parapsicológicas, mediante a emissão da telergia, como opinava a própria Sra. Tommasini? Ela dizia que experimentava um esvaziamento do seu organismo, decréscimo de força, agitação nervosa, dores difusas... A emissão de telergia faria uma curva ascendente e depois descendente a julgar pelos efeitos na Sra. Tommasini.
Em prol da "cura parapsicológica", por telergia, apresentam fatos como a "cura" de um bebê pós-mielítico, onde a hipótese de sugestão e outros fatores psíquicos pareceriam excluídas... (na realidade os bebês captam muito do ambiente, reagem como por osmose).

A telergia cura? Não negamos que, às vezes, tenham os curandeiros emitido telergia. O problema na realidade é outro: havendo emissão de telergia em algum caso, a telergia pode de fato curar? Quando se segue a "cura", deve-se mesmo à telergia ou se deve à sugestão e a outros fatores psíquicos? Qual é a influência da telergia?

Contusão na perna direita do Romário justo nas vésperas da Copa do Mundo. O médium espírita Jandyr Motta e colaboradores impondo ás mãos sobre a chuteira do ogador, inclusive com a participação de D. Lita, a mãe. E novamente cinco dias depois. No entro Espírita Seareiros de Jesus"(!!) Garantiram a cura. Inútil. Fracasso total. D. Lita ficou tão decepcionada que teve que ser levada ao médico. Felizmente o que não conseguiram os curandeiros espíritas com pretendidos médicos do além, o conseguiu o
fisioterapeuta Nilton Petrônio, contratado pelo craque.
Talvez deveríamos citar experiências, numerosas, que pretendiam ter demonstrado o poder curador da telergia. Talvez as mais famosas sejam as do Dr. Ferdinando Cazzamali, professor de Psiquiatria da Universidade de Módena. Pretendia ele ter demonstrado que o homem emite um fluído (antropoflux = fluído humano), que designava com a sigla "R" (de "Radiante"). Pretendia que esse fluído curava. Veremos em outros artigos (e já vimos no livro "As Forças Físicas da Mente"), que tal fluído foi muito discutido, ao menos como emissão normal e freqüente, não passando em todo caso de esporádica emissão telérgica de algumas pessoas. Portanto, e indiscutivelmente, as "curas" freqüentes, regulares, de doenças (funcionais, histéricas, psicógenas) em regra não eram devidas à telergia, ao fluído "R". Excepcionalmente houve alguma "cura" pelo influxo da telergia? Aquelas experiências certamente não o demonstram...

Auto-refutação - Ora, é manifesto em primeiro lugar que tal transmissão de telergia não pode ser nem constante nem freqüente. Se assim fosse, o curandeiro, que exteriorizando telergia se sente debilitado (?), com poucas tentativas de "cura" ficaria completamente esgotado. E sem "superavit" a transmitir, passaria a absorver o pouco "fluído" do doente para compensar o próprio "deficit"... O paciente ficaria ainda mais esgotado!


A teoria do "vampirismo psíquico", como coisa regular, logicamente é refutada pelos próprios inventores!

É autêntico? - Ao famosíssimo curandeiro, engenheiro Jean Béziat, se atribui, em numerosas revistas e jornais de propaganda espírita, uma "cura" prodigiosa:

Uma pobre mulher residente em Reines tinha a perna corroída por uma úlcera varicosa. O aspecto era horroroso. Em certos lugares o osso estava exposto. A doente, abandonada pelos médicos, veio ver Béziat. O próprio curandeiro, à vista da extensão e profundidade da úlcera, duvidou que pudesse conseguir algum sucesso. Tentou, porém, impondo as mãos na doente. No dia seguinte, a mulher sentiu a perna rígida "como se tivesse sido secada num forno", mas não tirou as ataduras. Dois dias depois, ao retirá-las, todos puderam ver a perna completamente restabelecida e os tecidos cicatrizados, enquanto sua cama estava cheia de escaras oriundas da ferida. Algumas semanas depois não havia nenhuma diferença entre a perna tratada e a outra, a não ser pequenas cicatrizes.

Cicatrização instantânea de uma úlcera com recuperação instantânea de substância, certamente seria milagre. Se fosse verdadeiro!! Só Deus faz milagres, como demonstramos em outras series de artigos (e nos livros "Os Milagres e a Ciência" e "Milagres, a Ciência confirma a Fé".

E dissemos "se fosse verdadeiro", porque neste tão cacarejado caso há muitos pontos obscuros. Já vimos no artigo nº 2 da série anterior sobre este mesmo tema, que os exageros são praxe geral na propaganda dos curandeiros, e muito mais ainda se são espíritas. Uma verdadeira máfia dos dirigentes. Falta uma verificação científica antes, durante e depois da imposição das mãos. Afirma-se que se tratava de úlcera varicosa em que aparecia o osso, mas também se diz que a perna estava com ataduras que só foram tiradas dois dias depois. De fato Béziat e as supostas testemunhas viram a úlcera? Deve-se confiar naquelas testemunhas, se as houve? Onde estão os testemunhos médicos? Quais médicos comprovaram e quais provas certas podem apresentar de que era úlcera, de que penetrava até o osso, etc.?

"Se fosse verdadeiro", realmente parece difícil acreditar-se que tudo teria sido efeito da sugestão, por mais que esta pudesse coadjuvar. Seria necessário neste caso isolado atribuir à telergia um efeito cicatrizante? Não há indício nenhum para atribuir a recuperação de substância diretamente à telergia! A recuperação de substância só poderia ser atribuída, é claro, à própria natureza e seu poder regenerador normal pela multiplicação celular, pouco a pouco, durante alguns meses, uma vez eliminada pela telergia a ulceração. Essa ação da natureza foi ativada pela telergia?

Glaucoma e coágulo.
Havia em Bordeaux um senhor que manifestava algumas vezes telergia. Não teria permitido que se revelasse seu nome, quando uma "cura" notável foi realizada por ele. Aparece simplesmente com a inicial Th.

O Dr. Maxwell, doutor em Medicina e procurador-geral de Bordeaux, padecia de glaucoma em ambos os olhos. O glaucoma é dessas doenças que pareceriam aptas ao influxo da telergia, pois trata-se de cicatrizar e secar o excesso de líquido. O glaucoma é uma doença mais freqüente entre as pessoas de idade, decorrentes muitas vezes dos estados psicológicos de grande ansiedade e tristeza. Consiste na penetração de humores no olho, provindos dos vasos sangüíneos existentes na vizinha zona ciliar. Por qualquer inflamação do olho, a íris é projetada para a frente contra a córnea, facilitando-se a infiltração: o humor acumula-se no globo ocular e a pressão dentro dele aumenta. Com o excesso de pressão, podem-se destruir as fibras do nervo óptico.

Quando o Dr. Maxwell procurou o Sr. Th., estava já quase cego. Os professores da Faculdade declararam inoperáveis aqueles glaucomas (assim chamados pela coloração cinzento-esverdeada: do grego glaukós = verde pálido). Com repetidas imposições das mãos do Sr. Th., durante algumas semanas, o Dr. Maxwell ficou completamente curado. Quando o Sr. Th. Foi acusado de curandeirismo, o médico e procurador-geral Dr. Maxwell interpôs toda sua autoridade em defesa do seu benfeitor.

Algum tempo depois, já com 77 anos de idade, o Dr. Maxwell foi atingido por uma paralisia na metade esquerda do corpo (hemiplegia). Os eminentes professores, que o examinaram, foram unânimes em declarar como causa da hemiplegia um coágulo que se formara na região cervical.

Sendo muito difícil de dissolver o coágulo por meios químicos e não se atrevendo a um delicada operação cirúrgica, o Dr. Maxwell acudiu ao seu estimado Sr. Th. As sessões "magnetizadoras" pela imposição das mãos realizaram-se perante o médico assistente e um professor da Faculdade de Medicina de Bordeaux. Na quinta sessão, o coágulo já estava tão dissolvido que não oferecia perigo algum para a circulação. Maxwell estava curado.

Seriam realmente maravilhosas tais "curas parapsicológicas"... Mas o de sempre: foi a telergia do Sr. Th., ou foi a "força curativa da natureza" do próprio Dr. Maxwell, exaltada pela sugestão?

A telergia em dermatologia. "Certos casos isolados dos efeitos de PK sobre doenças da pele, quando aplicada por alguma pessoa especialmente dotada de faculdades parapsicológicas"... (PK, termo e faculdade inexistente com que a micro-parapsicologia da escola norte-americana designa os efeitos que, se reais, se devem à telergia).

Ora, a reconhecida raridade dos casos e a possibilidade de outras explicações, como os efeitos da sugestão, tornam muito criticáveis essa afirmação de um micro-parapsicólogo.

Numa revista médica (lamentavelmente nem todos os médicos conhecem parapsicologia) publicou-se o caso de um senhor de 39 anos, de Marselha, que sofria de desagradáveis coceiras nos glúteos, entre as pernas e no escroto. De noite as coceiras lhe impediam totalmente o sono, com o que se sentiu cada vez mais debilitado e esgotado. O estado de nervos e a irritabilidade estavam chegando ao limite do desespero. Só tinha algum alívio com banhos de assento em água fria. As coceiras complicaram-se após seis meses com escoriações. Aos 50 anos de idade, as escoriações propagaram-se à mucosa do ânus, ocasionando dores horríveis durante as evacuações.

Resultaram inúteis os tratamentos mais variados: pincelamentos, pomadas, auto-hemoterapia, injeções intravenosas com água de Uriage, insuflações de novocaína... Impotentes para cura-lo os dermatologistas de Marselha recomendaram e começou a tratar-se em Paris, com os melhores especialistas. Fracasso total no Hospital Broaca, fracasso total no hospital St. Louis, fracasso total no hospital St. Michel... Segundo a expressão do prestigioso dermatologista do hospital St. Michel, a Medicina dava "sua mão à palmatória".
Observara-se que uma primeira série de radioterapia ocasionara uma melhora relativa durante quinze dias, mas a segunda aplicação não teve nenhum efeito. Foi então que se pensou, por analogia com a radioterapia (?) e em desespero de causa, tentar o tratamento por magnetismo mesmérico (digamos telergia) a ser realizado sob o controle dos médicos pela psíquica Sra. Clerk, esposa de um importante diplomata estrangeiro.
A imposição das mãos da Sra. Clerk sobre as partes afetadas do paciente foi realizada diariamente por dois meses. Após três semanas de "cura magnética", observou-se uma notável melhora quanto às dores durante as evacuações. Dois meses mais tarde, a "cura" era completa.

Neste caso pareceria pouco provável atribuir os efeitos à sugestão ou eqüivalentes. Aliás, o próprio desenvolver da "cura" pareceria mostrar que era devido ao influxo da telergia emanada das mãos de Lady Clerk: com efeito, não era em todas as sessões que se obtinha alguma melhora, mas quando havia melhora, esta se apresentava indefectivelmente após algumas horas de imposição das mãos, e depois a melhora permanecia completamente estável, sem aumentar nem regredir, até depois da outra sessão de imposição das mãos.

O Dr. Morlaas apresentou à "Societè Médico-chirurgicale des Hôpitaux Libres", um relatório deste caso, com toda a documentação científica, assim como de outros 3 casos semelhantes de "cura" obtida pela imposição das mãos da Sra. Clerk: líquen róseo plano, eczema profissional nas mãos de um padeiro e eczema profissional de lavadeira com flebite na perna esquerda.

Lady Clerk, claro está, nem sempre obtinha êxito, mas o fato de não ser único o caso, mas corroborado por mais outros três... Seria argumento que faria plausível aceitar que os resultados eram devidos à telergia da Sra. Clerk durante a imposição das mãos?
Ou em último caso foi telergia dos próprios doentes?

O Dr. R., interno do hospital de Bordeaux, tomou estes casos e outros praticamente idênticos como tema de sua tese doutoral em Medicina (sem saber Parapsicologia?!).


O que concluir? Em Parapsicologia é inegável a existência da telergia; é inegável que algumas pessoas exteriorizam telergia algumas vezes; é inegável a atuação da telergia alguma vez sobre objetos, sobre plantas, sobre animais pequenos, sobre pedaços de carne cortada, etc.

Tem-se observado que todos os casos bem comprovados de aparente influxo terapêutico da telergia no homem têm denominador comum: trata-se de secar, de cicatrizar, de paralisar os agentes patógenos ou de efeitos análogos. Semelhante ao influxo da telergia em animais ou em pedaços de carne...

É um aspecto certamente limitado, não é a telergia um fator diversificado, aplicável a vários tipos de doenças. Mas embora delimitado, não deixaria de ser importante, se fosse confirmado! Porque contra todas as explicações de "cura" por telergia, cabe sempre a explicação por sugestão e outros fatores.

O problema é muito maior: a telergia de fato atua sobre o homem?
É inegável que a telergia não age sobre outra pessoa... Num caso de "poltergeist" ou "casa mal assombrada", por exemplo, os objetos levados pela telergia não dão golpes a outra pessoa diferente do próprio psíquico (a não ser de ricochete, ou inércia, não ainda levados pela telergia)... Em qualquer efeito telérgico, ao passar-se a mão entre o psíquico e o objeto, interrompe-se o fenômeno, "corta-se a linha da força".

É inegável que à telergia pode-se aplicar à título de comparação a lei do magnetismo: "Forças do mesmo signo se repelem". Um homem não atua sobre outro homem por telergia. Pode, sim, atuar sobre si mesmo, não sobre outro...

Não obstante, os casos citados, certamente excepcionais mas não únicos, bem observados, advogam pela realidade de algum influxo telérgico em certas "curas". Sim, mas incontestavelmente não pode ser influxo da telergia do curandeiro... Será que o curandeiro seria uma espécie de catalisador da telergia do próprio paciente?
Como conclusão da sensacional polêmica secular: nada derruba a tese da reta Parapsicologia de que na realidade não existe influxo telérgico de uma pessoa em outra. Só do psíquico em si mesmo.

Sendo assim, o tema é diferente: passa às hipóteses 3 e 4 das propostas e negritadas no início. Deveremos tratá-lo nos próximos artigos desta 2ª serie.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Diagnósticos Parapsicológicos?

Inumeráveis diagnosticadores - Segundo Marc Brivet, presidente da "Associação para o Reconhecimento da Radiestesia Médica" (até agora não conseguiram e esperemos que não consigam!) havia em 1954 na França mais de 40.000 pessoas que praticavam a radiestesia. Quase todos se arriscavam a "estabelecer diagnósticos e a tratar doentes".

O Dr. Colinon e o grande parapsicólogo Robert Amadou após suas pesquisas, não acham este número exagerado. E o número vai sempre em aumento. Acrescentemos os outros diagnosticadores não-radietesistas, evidentemente mais numerosos. E em outras partes do mundo. E ficaremos assombrados com o número ingente de curandeiros diagnosticadores no mundo.


Radiestesia - O nome radiestesia, no seu sentido específico e etimológico (perceber radiações), não corresponde à realidade, salvo em raríssimas ocasiões.
Os teóricos da radiestesia argumentam (?) que é possível perceber as radiações cerebrais que correspondem aos diversos estados de saúde, da mesma forma que as percebe o eletroencefalógrafo. "O receptor biológico, o homem, é mais sensível do que o receptor físico, o eletroencefalógrafo", afirmam.

--É verdade, no inconsciente existe a Hiperestesia (direta: HD; e indireta do pensamento: HIP, como provamos na 1ª serie sobre "A prodigiosa sabedoria do inconsciente", ou no libro "A Face Oculta da Mente). Mas isto não quer dizer que esteja provada, para estes casos, a radiestesia. Analogia não é argumento.

Não negamos que um radiestesia possa captar, até sem contato, por hiperestesia inconsciente, essas mínimas emissões elétricas do cérebro de outra pessoa, como inconscientemente se captam muitas "radiações humanas". Mas ainda ficaria o problema por parte do inconsciente do radiestesista da interpretação dessas captações. Mas ainda fica o problema da manifestação ao consciente.

Não negamos que em algum caso essa captação e interpretação possa se manifestar por movimentos da mão ampliados pelo pêndulo. Mas, neste caso, o fenômeno entraria de cheio no terreno dos fenômenos parapsicológicos. Não seria um fenômeno comum e regular como pretendem os radiestesistas. Seria um fenômeno parapsicológico, não um fenômeno orgânico comum e portanto essencialmente irregular, incontrolável como todo fenômeno parapsicológico e sujeito a mil erros pela intervenção do psiquismo inconsciente e seu vasto e complexíssimo mundo.


A Catedral de Milão, iniciada no século XIV (1386) e terminada no século XIX (1813). O “misterioso” repicar dos sinos foi no século XVII.
Diagnóstico por radiestesia?
A mesma coisa, ou muito mais!, devemos dizer com respeito às demais afirmações dos radiestesistas sobre o diagnóstico "médico".

O radiestesista compara a radiação humana vital (?) com as radiações das substâncias químicas de um órgão sadio, que seriam diferentes das dos órgãos doentes. Pondo-se o remédio na mão do doente, o pêndulo giraria numa direção quando o remédio é conveniente; na direção contrária quando desaconselhável, e ficaria quieto quando o remédio fosse inútil. Inclusive, pela amplitude dos movimentos do pêndulo, determinar-se-ia o grau de conveniência ou inconveniência do remédio, e o grau de acerto ou erro do diagnóstico. Idênticos poderes se teriam para a localização de órgãos afetados, etc.


Nenhuma destas afirmações está comprovada. Ao contrário, comprovou-se cientificamente que são falsas. Alguma vez também o radiestesista pode acertar, como pode errar pelos inumeráveis fatores de erro do psiquismo. Porque a radiestesia é uma de tantas técnicas ou mancias, "a gosto do consumidor", para a manifestação dos conhecimentos e adivinhações, erros, invenções ou associações do inconsciente, como a psicografia, "oui-já", movimentos do copo ou da mesa, projeção alucinatória na bola de cristal ou cristalomancia, oniromancia, etc.

A radiestesia "médica", por conseguinte, entra de cheio no âmbito escuro do curandeirismo.

Repercussão orgânica - O Dr. Calligaris, professor de Fisiologia na Universidade de Roma e parapsicólogo, entre milhares de experiências sobre as placas epiteliais cita a que indicaria, por exemplo, se a quantidade de alimento, veneno ou remédio, que se tem na mão, está ou não dentro dos limites máximos compatíveis com a saúde normal daquela pessoa nesse momento. O mesmo aconteceria tocando-se na fotografia ou num manuscrito que descrevesse esses remédios, etc.
As experiências do Dr. Calligaris, são muitas e impressionantes. Mas também, em primeiro lugar, precisam ser confirmadas, como ele mesmo confessa. Em segundo lugar, a reação em tais placas corresponderia, como percebe Calligaris, à adivinhação inconsciente a respeito das substâncias em questão, não a um influxo das substâncias, ou da sua fotografia, ou do manuscrito..., sobre o organismo do radiestesista.

Também desta maneira podem-se explicar alguns diagnósticos e receitas dos curandeiros. Seria uma espécie de HIP ou HIE (veja-se a serie ou livro citados): o curandeiro adivinharia através das excitações das placas ou através de outra série de reflexos, o pensamento ou mesmo a adivinhação inconsciente do próprio consulente. Não é um fenômeno orgânico, mas parapsicológico. Adivinhação de adivinhação. O curandeiro se exporia, pois, a inúmeros erros por duplo motivo.

Diagnóstico em sonhos - O diagnóstico divinatório de doenças empregou outras inumeráveis técnicas, sendo relativamente comum em todas as épocas e civilizações. Por exemplo, a oniromancia ou adivinhação através dos sonhos.
Sem cair, de um lado, nos exageros dos ocultistas, magos, adivinhos, nem, de outro lado, nos exageros e abusos inclusive de certos psicanalistas freudianos, não há dúvida de que a oniromancia tem algum fundamento e, concretamente, para o diagnóstico de doenças. Tem sido usada desde a Antigüidade. É evidente, porém, que com enorme perigo de subjetivismo e erro, confundindo eventualidade com regularidade!
Já os sacerdotes médicos gregos analisavam os sonhos para diagnosticar o estado humoral ou surpreender nos seus começos certos processos morbosos. Descreveremos alguns casos em próximos artigos.
Aristóteles alude a isso. Em seus tratados de Medicina, Hipócrates e Galeno tratam dos diagnósticos por sonhos. Hipócrates inclusive aprendeu grande parte dos seus conhecimentos de Medicina estudando as descrições das doenças e remédios sonhados, tal como se conservavam nas inscrições do templo de Esculápio, em Cós, cidade onde ele nasceu e viveu. O grande médico Galeno, nascido na Ásia Menor, no ano 129 d.C., afirmava que em algumas ocasiões ele mesmo sonhara não só com o diagnóstico, mas também com o modo de tratar certas doenças.

O inconsciente avisa - Esses eventuais sonhos de diagnóstico até muito precoce são explicados perfeitamente pelo talento do inconsciente, que simboliza e exagera os mínimos sintomas que capta hiperestesicamente (rarissimamente por telepatia, extrasensorial).
Abundam os exemplos. Os Drs. Meunier e Masselon citam o caso de uma menina que, em sonhos, sentia que lhe apertavam a cabeça com um torno. Pouco depois se apresentavam sintomas de meningite.

Os Drs. Vaschide e Pierón referem o caso de outra menina que sonhara com um carregador que lhe punha sobre o pescoço uma caixa muito pesada: poucas horas depois de acordar, apareceu angina.

Dias antes de surgir uma ferida maligna na perna. A. de Villeneuve sonhou que um cachorro o mordia.

Gessner sonhara que fora picado por uma serpente, surgindo mais tarde no lugar da picada uma úlcera, causa de sua morte.

Macário sentiu em sonhos a garganta fortemente inflamada. Acordou em perfeita saúde. Horas depois se manifestava violenta amigdalite.

Um estudante sonhara que sentia dor no peito e que aumentava ao respirar profundamente, produzindo tosse. Quando acordou, sentiu-se perfeitamente e, por conseguinte, não deu importância ao sonho. Dois dias depois, porém, surgia a febre e dor no lado, tendo o exame revelado inflamação pleural.

São tantos os caos semelhantes que é completamente inaceitável atribuí-los à casualidade. Como também é inaceitável atribuí-los todos, ou na maior parte, à inversão do processo, atribuindo as doenças ao influxo da imaginação excitada no sonho.

Nas antigas experiências de magnetismo e nas modernas de hipnotismo, os casos de "lucidez médica" tem atraído a atenção (às vezes em demasia).

A experiência mais simples e clássica é pôr um hipnotizado em relação com uma pessoa atacada de uma doença qualquer, ignorada pelo pesquisador. Se o próprio doente não sabe com precisão em que consiste sua doença, se não tem instrução do ponto de vista médico-fisiológico, o fator leitura-do-pensamento ficará anulado tanto quanto possível.

Nestas circunstâncias, o hipnotizado tendo entre as suas as mãos do paciente, tentará como que contagiar-se; sentir dor em si mesmo exagerando os sintomas da doença, ou ver os próprios órgãos correspondentes aos afetados no paciente.

Se o hipnotizado é predisposto à lucidez médica, alguma vez poderá por esta espécie de transposição da sensibilidade (pela hiperestesia direta ou indireta), fazer um diagnóstico mais ou menos preciso.

Não é propriamente a "transposição da sensibilidade" o que nos interessa aqui, mas o diagnóstico. A "transposição da sensibilidade", isto é que o dotado sinta no seu próprio corpo a doença do consulente, não é mais do que o modo de expressão da adivinhação do inconsciente, como poderia expressar-se pela escrita automática, pela "brincadeira do copo" e por outras maneiras, até pela dermografia (estigmatização).

O inconsciente do adivinho manifesta seu diagnóstico com dores nas partes do seu próprio corpo, que podem corresponder (ou não!) às realmente doentes no corpo do consulente, presente ou ausente. Também pode experimentar dores em relação a pessoas já falecidas (o que só a falta de lógica própria dos espíritas pode aceitar que estarão ainda doentes "no além"), como por exemplo aconteceu nas experiências realizadas pelo Dr. Osty. Ou em relação a pessoas fictícias ou doenças inexistentes...

Desta maneira se explicam alguns diagnósticos dos curandeiros.

Os êxitos nestes casos de HIP não são regulares, mas certamente são menos raros do que aqueles nos quais nenhum dos presentes conhece a doença e seu tratamento. Se a HIP é pouco freqüente, a ESP (Percepção Extra-Sensorial à distância, do passado e inclusive do futuro) é exceção.

"Numa reunião em nossa casa (...), com a assistência de três conhecidos médicos e uma senhorita recém-apresentada, a vidente (a senhora da casa, D. Maria Amanda Ravagman de Fernández) disse: 'a senhorita tem algo menos bom em seus rins (...) Tem um pouco de albumina'. Um dos médicos presentes, o Dr. Juán A. Schoeder, diretor de Laboratório do Hospital Muñiz, fez no dia seguinte a análise correspondente e encontrou pequena dose de albumina".

Explicação?: conscientemente a Srta. A. não sabia nada da sua própria doença. Mas o inconsciente a sentia. Muito freqüentemente, espíritas mal intencionados se disfarçam até de cristianismo para melhor enganar no exercício do curandeirismo.


Diagnóstico à distância - O inconsciente é hipersensível (hiperestésico) e pode sentir os mínimos sinais ou pródromos absolutamente iniciais de uma doença.

Quando um fato se refere a nós mesmos (ou a seres ligados a nós afetivamente) e, se além disso, é um fato importante, precisamente por isso o fato está mais excitado no nosso inconsciente e mais facilmente é captado pelo adivinho. É o fenômeno chamado HIE: Hiperestesia sobre o Inconsciente Excitado.

Com o chamado mecanismo "em L" ou "a três", alguém capa de nosso inconsciente alguma coisa que nós temos inconscientemente adivinhado com respeito a uma terceira pessoa. Se consultarmos um adivinho ou curandeiro sobre a saúde de parente, alguma vez pode adivinhar. Mas, se lhe perguntarmos por carta, dificilmente adivinhará: a manifestação da ESP é raríssima, mas não é tão rara a manifestação da HIP.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Espiritismo em maus lençóis

"REVELAÇÕES DOS ESPÍRITOS = DOS DEMÔNIOS"

Em "O livro dos médiuns" Allan Kardec, na sua imensa ignorância (e grande desejo de enganar), afirma:

"Abaixo de Deus não há outros espíritos, senão almas humanas, desencarnadas (?) e encarnadas (...) Pela palavra demônios devem entender-se os espíritos impuros (...) Seu estado é transitório, espíritos de homens maus que com reencarnações (?) se purificariam (...) Os demônios não são outra coisa que os maus espíritos, e salvo a crença de que os primeiros são perpetuamente voltados ao mal (...), não há entre eles senão uma diferença de nome".
É tão absurda a pretendida comunicação espírita, que pessoas inteligentes chegaram até o erro de identificar os se-dizentes espíritos
comunicantes com alguém vindo do Inferno (!?) ou até com o mesmíssimo Diabo (!?).
Ensina (?) o "grande mestre" Mario Cavalcanti de Mello:
"Eis os diabos da Igreja Romana: simples criaturas desencarnadas a produzirem fenômenos com o auxílio de médiuns. Criaturas humanas".

E Zeus Wantuil, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira, começa por criticar o dogma da Igreja Católica...

A demonologia, embora Wantuil não o saiba, não pertence ao dogma...

Critica, pois, as crendices de muitos séculos entre católicos e protestantes a respeito da atividade demoníaca, e acusa essas crendices de absurdas e causadoras de grandes males.

Não lhe falta alguma razão nisso, embora as circunstâncias históricas não sejam tão simples como ele, e todos os inimigos da Igreja, supõem ou fingem que não sabem...

Por fim, o "mestre" espírita desemboca no que agora nos interessa:
"Era, porém, chegada a hora de tudo ser esclarecido (?), e ficou demonstrado (?), provado (?), que os tais demônios nada mais eram que as almas daqueles homens que na Terra foram maus, frívolos, brincalhões, materialistas, indiferentes, hipócritas, orgulhosos, fraudadores etc., e que ao atravessar o túmulo, em pouco ou em nada mudaram, conservando como é mais lógico (!?) os mesmos defeitos e imperfeições que possuíam quando no corpo de carne".

Nessas frases há vários erros, mas o que interessa agora é que, segundo o espiritismo, os demônios, ou diabos, ou... (os "mestres" espíritas caem na mesma, ou maior, amalgama de conceitos da crendice secular), seriam os espíritos "desencarnados" (?) dos homens maus. Segundo o espiritismo, não existiriam demônios no sentido cristão (o exato seria dizer diabos, anjos livremente desobedientes a Deus; demônios era o nome dado às doenças internas).
SERIAM DEMÔNIOS DISFARÇADOS

Ora, se segundo os espíritas tudo o que entre os cristãos foi explicado (?) pela intervenção dos demônios deve entender-se como intervenção dos "espíritos inferiores" dos mortos, o inverso tem que ser aceito pelos espíritas: tudo o que os espíritas explicam (?) por intervenção dos "espíritos inferiores" dos mortos se enquadra no requinte de malícia, na perversidade monstruosa, da intervenção dos demônios no conceito dos cristãos.

Exemplos? Todas as chamadas comunicações de espíritos! Muitos casos são bem sintomáticos:

Já as irmãs Fox, que deram origem ao espiritismo, grandemente veneradas pelos espíritas, estavam convencidas no começo de que o espírito "comunicante" era o próprio Diabo. Escreve o "mestre" espírita Carlos Imbassahy:

"Foi o comunicante que se declarou espírito (lembremos o "grande argumento": "Eles próprios o afirmam", artigo No.3) (...), o chamavam de pé de bode (...) e o tinham como demônio, pois só o demônio poderia vir entreter-se com os homens, só o demônio poderia ser o batedor (tiptologia) invisível. Coisas do demônio, em suma".

Imbassahy nem percebeu as conseqüências profundas que para os espíritas deveria ter tal identificação feita pelas fundadoras do espiritismo...

Num terreiro em Cuibá (MT) os acontecimentos arrepiavam as testemunhas. Correu a fama pela cidade.

"Meu irmão Wanderley -Magalhães de Siqueira-, muito corajoso, aceitou o 'desafio' e foi lá. No fim do show, estando o médium ainda possuído pelo espírito, meu irmão aproximou-se e perguntou:

- 'Quem é o senhor? Qual a sua origem?'.
- 'Senhor, não. Senhor é só Aquele de lá de cima', corrigiu imediatamente o possesso.
- 'Então, quem é você? De onde você vem?'

Ele deu mostras assustadoras de não gostar da pergunta. Mas perante a insistência, valentia e esconjuros de Wanderley, terminou por responder:

- 'Eu sou um anjo caído, um anjo condenado, vim do inferno'".

Tudo é contraditório. Se fosse um demônio não reconheceria que "Senhor, só Aquele lá de cima". Se fosse um espírito inferior, mau, de morto, não mostraria tal respeito ao Senhor. E se fosse um "espírito superior" não mentiria disfarçando-se de demônio.
Mas tudo é compreensível na simples prosopopéia do inconsciente do médium em transe, em estado alterado de consciência.
CONCORDAM OS ESPÍRITAS MENOS INCULTOS

Escreve Staiton Moses:
"O médium está sempre exposto aos assaltos de todos os espíritos malignos (...), somos vítimas de um sistema organizado de cruel impostura, indo até servir-se dos mais sadios sentimentos do gênero humano. O espírito que age de tal modo, apesar de manter um ar de sinceridade e elevação, deverá sem dúvida ser o demônio em pessoa, travestido de anjo de luz".

Devem reconhecê-lo os espíritas menos incultos, os anglo-saxãos, dado que tal ensinamento teria sido recebido mediunicamente pela psicografia nada menos de Staiton Moses, para eles um dos mais confiáveis médiuns da história do espiritismo, ou o mais confiável e prestigiado.
CONCORDAM NA TEOSOFIA

Assim C.W. Leadbeater...:
Gaspar era um fantasma, visto só duas vezes, "envolto num amplo capote e com chapéu alto e de abas largas", mas durante três anos anunciava com psicofonias o futuro (precognição, Pcg) a todos os membros da família e aos empregados.

Comenta "o grande mestre" teosófico:
"Naturalmente, alguns indivíduos desta família deviam ter aptidões mediúnicas, de modo que o desencarnado (?) tirara deles a matéria (telergia invisível e ectoplasma visível) suficiente para emitir a voz física (psicofonia) e aparecer (fantasmogênese) por duas vezes. Quando a família se mudou para outro país, o comunicante não a seguiu, porque talvez tivesse se elevado a um nível do qual lhe fosse mais difícil a comunicação".

Isto é, quanto menos desenvolvido o espírito, mais fácil seria a comunicação; quanto mais desenvolvido, mais difícil, até tornar-se impossível...

E com respeito a uma pretensa aparição de Sto. Estanislau Kostka, o mesmo autor, ignorando que os milagres são por poder divino, não dos santos, explicita mais a mesma "explicação". E isto é que agora interessa:

"Embora isto (que se tratasse de aparição do santo) seja possível (segundo o mestre teósofo e os espíritas!), não é, no entanto, provável, pois Sto. Estanislau Kostka morreu há muitos anos, e parece inverossímil que um homem de sua categoria se detivesse tanto tempo no mundo astral (?!), não obstante haver morrido moço, pois precisaria para isso (...) de um conjunto de circunstâncias quase impossível de reunir. Ao homem de (...) vida depravada é possível permanecer dilatado tempo no mundo astral, porém não a alguém de natureza tão delicada, terna, pura e devota como o famosos jesuíta".

Isto é, após a morte só os espíritos de pessoas depravadas poderiam se comunicar com os vivos...
CONCORDAM NO OCULTISMO

Enfim, entre outros exemplos, basta citar o proceder de uma das maiores autoridades do esoterismo. É sabido que Agrippa abandonou o ocultismo e voltou ao catolicismo, porque ficou convencido de que na evocação dos mortos, na necromancia, na magia etc. quem agiria é o Diabo e seus demônios, mascarando-se de espíritos de mortos e de forças ocultas da natureza. Depois disso só a Bíblia e a teologia lhe interessavam.

É muito fácil alencar, como já se fez, "recitados de testemunhas" das maiores vilezas oriundas do espiritismo.
É muito fácil alencar, como já se fez, "recitados de testemunhas" das maiores vilezas oriundas do espiritismo.
ERRADAMENTE CONCORDAM TAMBÉM NO CRISTIANISMO

Entre os teólogos protestantes, aqueles que pesquisaram do ponto de vista da Sagrada Escritura as
manifestações do espiritismo são praticamente unânimes em afirmar que se devem aos demônios. Fundamentam-se principalmente em que o espiritismo está severamente condenado na Bíblia, onde é chamado de abominação (por exemplo em Lv 18,9-12).

Muitos teólogos católicos -quando não bem a par das pesquisas da parapsicologia, como lamentavelmente é freqüente- concordam com os protestantes.

Igualmente muitíssimos entre o povo cristão em geral, de acordo com o seguinte raciocínio clássico -errado!-: não podem ser nem Deus nem os anjos, nem as almas do céu nem as do purgatório, porque a doutrina espírita se afasta quase em todos os pontos da doutrina cristã. Não podem ser, também não, as almas dos condenados ao inferno, porque ninguém sai do inferno pelo próprio poder e Deus não faria um milagre para enganar na doutrina... E daí concluem com um erro..., até maior: são, por conseguinte, os demônios. E "esquecem" que se trata simplesmente de fenômenos humanos.

Alcançou grande difusão entre os católicos e elogios da revista "Civiltà Cattolica" o livro de Mousseaux. Ele analisa as "proezas" dos médiuns norte-americanos. Analisa também "as mesas girantes" (paracinesia), muito em voga então, nos primórdios do espiritismo. E assegura que se trata unicamente de "comércio com os demônios".

-- Também ele apoia-se preferentemente em textos bíblicos...
À Bíblia não corresponde a análise de fatos, isso pertence à Ciência. A Bíblia é um livro de Doutrina (e moral...) Sobrenatural Inobservável.
PROSOPOPÉIA

Em plena discussão entre espíritas e pioneiros da parapsicologia, surge o grande cientista Pierre Janet. Estuda sem preconceitos, analisa os fatos, demonstra que são manifestações do inconsciente e cura os doentes. Não há mais base para discussão.

Um exemplo clássico, entre os pioneiros da pesquisa, semelhante a muitos outros relativamente freqüentes:

"Dailll, um homem de 33 anos, é levado à Salpêtrière no mês de novembro de 1891, em um estado lamentável. Tem o rosto coberto de sangue e com crostas secas. Porque se fere com as próprias unhas. Tem os olhos desvairados de espanto, os lábios gretados. Não pode ficar senão acompanhado e estreitamente vigido. Quando deixado sozinho, procura fugir".

Para os espíritas e para as testemunhas não-especialistas que conhecem um caso destes, não haveria dúvida: trata-se de obsessão por espíritos perversos ou pelos demônios. Acenam para os fatos. Só pode ser perverso quem "o arrojou, pés atados, num pântano (...) Sente outro demônio no peito, que o impele a pronunciar blasfêmias (...) Vê o demônio, todo preto, com chifres e figura ameaçadora (...) Após seis meses, só fala de demônios, enxerga-os, ouve-os, sente-os diante de si, e comete mil loucuras (...) Escuta o obsessor cochichar ameaças no ouvido, maldições e conselhos perniciosos, como 'dá-te à bebida', 'está chegando o fim do mundo' (...), 'vai deitar sobre os túmulos do cemitério', onde foram enterrados os corpos dos espíritos obsessores ou de outros companheiros. Uma manhã, sem motivo, estoura em riso (...) que aterroriza todos os presentes. Ri sem parar durante várias horas e depois diz todo tipo de incongruências".

Para a ciência, porém, nem demônios nem espíritos. Pierre Janet, após as devidas análises e com toda sua experiência, diagnosticou, e é reconhecido plenamente pela parapsicologia:

"Alucinações de todos os sentidos complicadas por desejos impulsivos e por interpretações delirantes (...) Delírio de possessão, com agitação maníaca aguda".

Tal diagnóstico será ridicularizado de imediato pelos "mestres" do espiritismo, na sua ignorância. E negado também por alguns teólogos, que acreditam em "milagres do demônio" (?!). É notável como esta interpretação supersticiosa fanatiza inclusive pessoas em outros temas equilibradas e inteligentes! Apoiam-se em preconceitos teóricos, sem analisar nem entender de antecedentes, etiologia, pródromos da doença e descobertas da ciência experimental.

Responde Janet e a ciência:
"Não obstante eu sei e posso demonstrar (...) que se trata de um delírio verdadeiramente histérico":

1º ) ANTECEDENTES
"Este doente pertence a uma família evidentemente com muitas taras: o pai era supersticioso e obsessivo; o avô paterno em várias ocasiões fugiu inconcebivelmente; a mãe é de temperamento instável e alcoólica, como também a avó materna; Daill foi sempre medroso e impressionável".

Alguma vez alguém plenamente sadio, física e psiquicamente, sofreu "incorporações" ou "possessões"?

2º ) ETIOLOGIA
Muito habilmente Janet provocou escritas automáticas (psicografias):
"O demônio comunicava-se nas suas escrituras como os espíritas nas suas experiências espíritas. Conseguimos transformar estes atos subconscientes em sonambulismo (hipnótico). O doente encontrava normalmente neste estado todas as lembranças, e pode explicar-nos as causas psicológicas (...). Fazia um ano que empreendera uma pequena viagem (...) Durante a viagem, Daill atreveu-se a trair sua esposa e ficou cheio de remorsos e atormentado pela idéia de uma doença contagiosa" (...)

Está patente a origem da histeria, suprimindo o recurso supersticioso a demônios ou espíritos obsessores.

3º) PRÓDROMOS
"Daí seu mutismo e o afastamento da mulher (...) Sombrio e preocupado falava pouco e rejeitava a esposa. 'O mau humor continuou e parecia -dizia sua esposa- ter perdido a fala porque fazia esforços para falar sem consegui-lo, tinha de escrever o que desejava'. Mais adiante falava um pouco, mas caiu em angústias e aniquilamento (...) O doente recusava-se a abandonar o leito, não se barbeava e deixou de se alimentar. Ficava imóvel, quase não falava e desviava-se da esposa e da filhinha (de sete anos) (...) Havia sonhado que estava muito doente e que morreria logo. Imaginou que foi transportado ao inferno, ao meio dos demônios. Neste momento o sonho subconsciente havia engrandecido e provocado as alucinações no seu consciente. As interpretações do doente fizeram o resto e determinaram o delírio".

Sobram os demônios. Sobram os espíritos dos mortos.

4º) E POR FIM A CURA
Com técnicas de psicoterapia, "num mês o 'diabo' foi batido e retirou-se definitivamente. Dois anos depois a cura mantém-se absolutamente completa (...) Não precisamos acrescentar que um caso destes é fácil de curar".

Quantos casos semelhantes, e aparentemente mais impressionantes por serem acompanhados de fenômenos parapsicológicos, casos inclusive enviados em desafio por exorcistas e espíritas foram curados em pouco tempo e definitivamente na Clínica do CLAP. Alguns casos publiquei no livro "Antes que os demônios voltem". Sem exorcismos. Sem trabalhos de "limpeza", ou "descarrego", ou desencosto"..., que na realidade aumentam a mentalidade supersticiosa e multiplicam os casos epidemicamente. Só com conhecimentos de parapsicologia e com psicoterapia. Cura natural de causas e fenômenos naturais...

CONCLUSÃO


Mas não estamos aqui tratando de demonologia, o que fazemos em outros numerosos artigos. O que interessa aqui é destacar que o espiritismo em geral é tão cheio de contradições, de ignorância, tão anti-religioso em geral e tão anti-cristão em particular, de tão baixo calibre..., que as pessoas mais inteligentes, de todos os ângulos e inclusive os próprios líderes do espiritismo acabaram por identificar os supostos espíritos com os demônios!

O espiritismo em maus lençóis.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"Eles próprios o afirmam"

SIMPLES E SIMPLISTA

Na introdução ao seu primeiro livro, "O Livro dos Espíritas", Allan Kardec escrevia:

"Aplaudiríamos a nós mesmos por ter sido escolhidos para realizar uma obra da qual não pretendemos, de resto, nos fazer nenhum mérito pessoal, uma vez que os princípios que ela encerra não são nossa criação; portanto, seu mérito é inteiramente dos espíritos que a ditaram (...) Na França como na América (...) as inteligências que se manifestam declararam ser espíritos".


As pessoas simples usam muito esse falso argumento: "Sonhei com um desastre..., foi meu pai falecido que me comunicou", "escrevi uma mensagem..., meu marido morto assinou" etc. Todos os livros e mensagens de Chico Xavier e de milhares de médiuns espíritas pelo Brasil e pelo mundo são simplesmente atribuídos a espíritos de mortos sem verificação: "foi ditado", "foi assinado"... Ponto, isso basta para Kardec!! Isso basta para milhões de espíritas!!

A mais elementar regra de prudência aconselha -impõe com tanto maior obrigação quanto mais o problema for importante- que nos certifiquemos de quem é a pessoa que nos procura, quais suas qualidades, qual sua honestidade.

Só um louco da confiança a um desconhecido num negócio do qual dependesse sua vida profissional e econômica, a de toda a família, e a de muitas outras...

E assim mesmo, quantas vezes, mesmo pessoas inteligentes e prudentes se enganam... Todas as garantias exigidas pelos governos, pelos tribunais, pelos bancos..., muitas vezes demonstraram-se insuficientes.

Se assim é com pessoas que vemos, que tocamos, que analisamos... nos negócios bem tangíveis da vida; quanto mais deveria ser em relação aos espíritos, conforme esse "argumento" espírita?

Em tema tão transcendental, haveremos de aceitar a doutrina espírita simplesmente porque os se-dizentes espíritos dos mortos afirmam intervir nas sessões de espiritismo, e com essa doutrina, na intenção kardecista, substituir (!) e aperfeiçoar (!) a Revelação do Pai (por Moisés e os Profetas), do Filho (por Jesus Cristo e os Apóstolos) e do Espírito Santo (no dia de Pentecostes)? Simplesmente porque Kardec e os mestres do espiritismo e os médiuns afirmam que são os próprios espíritos que afirmam ser espíritos de mortos? Pode haver maior loucura?


Incorporando o espírito de um animal?"Ele próprio o afirma"
ASSIM, TUDO VALE

Dando valor a tal "argumento", os espíritas caem continuamente em contradição, embora eles mesmos no fanatismo ou lavagem cerebral sofrida, nem o percebam:

Na "Revue Spirite", sob a direção de Allan Kardec, publicou-se a "História de Joana D´Arc ditada por ela mesma". Pouco depois aparece uma "Dissertação moral ditada por S. Luís", Rei de França.


E logo vão aparecendo mensagens assinadas por habitantes de Marte, Mercúrio e mormente de Júpiter. Seriam espíritos de ex-habitantes da Terra que reencarnaram (?) nesses planetas! Foi dito e assinado por eles!

Mas Allan Kardec não explica como é que esses extraterrestres, que nem sequer seriam espíritos de mortos, mas habitantes vivos de outros planetas, conseguiriam comunicar-se com os médiuns "do planeta Terra". "Comunicam" mil fantasias, que os astronautas e exploradores do espaço modernos têm demonstrado serem completamente falsas.

Em todas as épocas, em todos os povos, o inconsciente dramatizou suas próprias comunicações, atribuindo-as a todo tipo de seres, de acordo com a mentalidade ambiente. Há muitos tipos de prosopopéias. Atrevo-me a dizer a prosopopéia de espíritos de mortos não é a mais freqüente na história. Muito mais freqüentes -e também erradas- foram e voltaram a ser as prosopopéias ou personificações de demônios E há até umas outros 56.000 tipos de prosopopéias... ou seitas religiosas.

Como transmitem os etnólogos Letourneau e Bonwick, para "as raças primitivas, os habitantes da Terra do Fogo, os tasmanianos, os australianos e os hotentotes (...), nessa fase primitiva do desenvolvimento humano, a religiosidade consiste em crer na existência de divindades (da natureza) antropomorfas (como as fadas dos contos infantis), que residem nas rochas, grutas, árvores etc. (...) Um pouco mais tarde o homem, pensando mais e raciocinando (...), imagina que essas divindades são seres errantes, muito parecidos com os homens (...) Mais adiante no tempo (...) aparece o mago (ou xamã, feiticeiro etc.) que acredita comunicar-se com esses deuses e servir de intermediário entre eles e os homens".

Pensam que são deuses, porque esses próprios deuses assim o afirmam!
Os bambara acreditam nos "disioren", divindades da selva. Os xamãs comunica-se com esses deuses e sabe como aplacá-los quando se aproximam ou entram nos povoados.
Pelo mesmo motivo, os esquimós divinizaram um exército numerosíssimo de todo tipo de forças da natureza, cada uma de relativamente pouco poder em si mesma, mas poderosíssimas em conjunto sob o comando de Torgarsuk. Todo esse enorme exército de gênios está a serviço e em comunicação com seus xamãs.

Também porque assim o afirmam os próprios gênios!
A mitologia germânica e escandinava, nas suas intermináveis noites de inverno, foi criando, ao longo dos séculos e adquirindo certeza de que se comunicavam com gnomos, silfos, sífiles, normas, valquírias, alfes etc.
Como não? "Eles mesmos o afirmam"!

ATRASO DEMAIS!
Com o mesmo direito e pelo mesmo motivo que os espíritas apresentam para que se aceite a afirmação ou "assinatura" dos espíritos dos mortos, teríamos de aceitar todos esses seres mitológicos, cuja existência, ou mesmo o conceito, geralmente é absurdo e contraditório.

É ignorância, ou fanatismo, ou má vontade, ou mesmo parafrenia demais..., que os "mestres" espíritas de hoje não estejam de acordo com a descoberta do inconsciente pela psicologia moderna. Hoje o transe -espiritóide, hipnótico, êxtase místico etc.- é bem estudado e conhecido. O mínimo que todo "mestre" espírita deveria saber de psicologia é que a primeira característica do transe é, indiscutivelmente, a obnubilação do senso crítico e a exaltação da capacidade inconsciente de fabulação. A pessoa em transe não pode distinguir a ficção da realidade. Se distinguisse e não fabulasse, não seria honesto, e estaria fingindo o transe... O valor da afirmação de que é um espírito de um morto é, simples e absolutamente, zero.

Mas nem sequer estão a par de conhecimentos alcançados pelos pensadores da Grécia clássica -e nisto Allan Kardec e os antigos "mestres" espíritas mostram uma ignorância assombrosa.

Pitágoras e Platão, pela observação de que os fenômenos hoje chamados parapsicológicos estão sempre ligados a uma pessoa, logo rejeitaram qualquer tipo de prosopopéias, ou máscaras, ou "assinaturas" que o inconsciente pusesse. E falam em termos quase modernos de divisão da personalidade: "Divisão da psique em duas partes".
Plutarco, Platão e Xenofonte rejeitam o daímon (=divindade inferior) com que Sócrates acreditava estar em comunicação, e explicam os fatos pela "alma racional" de Sócrates sem que o próprio filósofo percebesse: quase ao pé da letra a descrição moderna do inconsciente.

E o neoplatônico Porfírio, analisando as manifestações "assinadas" pelos deuses comunicantes dos oráculos, adivinhos, magos e pessoas em "êxtase" ou transe, deduz que "a causa (...) é uma afecção mental (...) derivada da sobreexcitação do psiquismo (...) O daímon aderido a nós (...) é uma certa parte do psiquismo humano".


OS MAIS ALTOS "ESPÍRITOS DE LUZ"
A situação torna-se pior para a lógica (?) dos "mestres" espíritas no uso deste falso argumento ("eles próprios o afirmam"), quando a "assinatura" da comunicação do inconsciente corresponde aos nomes mais sagrados. Só cabeças completamente distorcidas poderiam acreditar:

"Vida de Jesus ditada por ele mesmo", obra original em francês, traduzida para o italiano, espanhol e por fim no Brasil. "Corolarium: Obra ditada pelo magnífico espírito de Maria de Nazaré, excelsa mãe de Jesus Cristo. Prefaciada pelo apóstolo Tiago". "Elucidário. Obra ditada pelo espírito de Paulo de Tarso". Com prefácio de irmão Tomé (Santo Tomé!).

Os santos mais cuidadosamente fiéis ã doutrina católica e adversos a toda sombra de espiritismo como S. Paulo ou "Paulo de Tarso", o "príncipe dos Apóstolos" S. Pedro, S. "João Evangelista" etc., misturados com as doutrinas e ambiente das sessões de espiritismo!

Os "prolegômenos" do primeiro livro de Allan Kardec foram assinados por "S. João Evangelista, Sto. Agostinho, S. Vicente de Paulo, S. Luís, O Espírito da Verdade" (o Divino Espírito Santo!).

Depois desses santos católicos e da própria Terceira Pessoa Divina, assinam espíritos pagãos: "Sócrates, Platão", e por fim "Fenelon, Franklin, Swedenborg etc., etc."
"O próprio espírito afirmou" estar com sede... Mas não era verdade. Não gosta...

Contra a doutrina predileta (embora absurda) do espiritismo kardecista é preciso perguntar se tão grandes santos e sábios ficaram tão distraídos no além que se esqueceram de reencarnar...
Tais livros são divulgados em milhares de livrarias, bancas e centros espíritas.
KARDEC SE TRUMBICA

Contra esse falso argumento ("eles mesmos o afirmam") que usou no seu primeiro e principal livro, mais adiante Allan Kardec terminou por cair num torvelino de dislates. Principalmente quando os "espíritos" (não há espírito humano sem corpo material ou ressuscitado) se atribuem nomes celestes ou famosos: À identificação dos espíritos dedica Kardec todo o capítulo XXIV de "O livro dos médiuns". Observe o prezado internauta os malabarismos e sofismas que Kardec vai fazendo, tudo com o maior apriorismo e falta de provas. Observe como escorrega, pretendendo defender o que no mínimo de lógica é indefensável:

"Os espíritos não nos trazem ata de notoriedade (documento de identidade) e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que nunca lhes pertenceram (...) A identidade dos espíritos das personagens antigas é mais difícil de se conseguir, tornando-se muitas vezes impossível (...) À medida que os espíritos se purificam e elevam na hierarquia, os caracteres distintivos de suas personalidades se apagam, de certo modo. Nessa culminância, o nome que tiveram na Terra (...) é coisa absolutamente insignificante".

É insignificante a identificação? Pode-se deixar nessa ambigüidade? Não posso deixar de lembrar aquela ambígua redação de um jornalista que escreveu nestes termos sobre a cerimônia do "bota-fora" de um navio: "Como complemento da imponente cerimônia, a encantadora filha do almirante quebrou uma garrafa de champanhe contra sua popa enquanto deslizava graciosamente à água". Não seria conveniente identificar a quem pertencia a "popa' e quem ou o que deslizava graciosamente?

Continua Kardec: "Notemos mais, que os espíritos são atraídos uns para os outros pela semelhança de suas qualidades (...) Se considerarmos o número imenso de espíritos que, desde a origem dos tempos, devem ter galgado as fileiras mais altas" (...)

Será que é "imenso o número de espíritos que galgaram as fileiras mais altas", pondo-se "pela semelhança de suas qualidades", nessa culminância, no mesmo nível de Jesus Cristo, ou do "magnífico espírito de Maria de Nazaré, excelsa Mãe de Jesus Cristo"??? Por muito purificado e desenvolvido que fosse esse espírito, certamente estaria cometendo gravíssima usura e orgulho ao assinar com os sacrossantos nomes de Jesus Cristo e Maria de Nazaré...

E continua disparatando Kardec (e, pior!: continuam copiando-o os "mestres" de hoje!): "Porém, como de nomes precisamos para fixar as nossas idéias, podem eles tomar o de uma personagem conhecida, cuja natureza mais identificada seja com a deles (...) Pode, sem dúvida, o espírito dar provas (de identidade) atendendo ao pedido que se lhe faça, mas assim só procede quando lhes convém (?!). Geralmente semelhante pedido o magoa, pelo que deve ser evitado (?!). Com o deixar o seu corpo. O espírito não se despojou da sua susceptibilidade (...) Suponhamos que o astrônomo Arago, quando vivo, se apresentasse numa casa onde ninguém o conhecesse e que o apostrofassem deste modo: dizeis que sois Arago, mas não vos conhecemos; dignai-vos prova-lo (...) Que responderia ele?"

Será que Arago se irritaria se lhe pedissem que "se dignasse identificar-se numa casa onde ninguém o conhecesse"? Não é o que todos fazem em qualquer assunto importante? E o espiritismo pretende que se aceite a comunicação e doutrina espíritas sem exigir irrefutáveis mostras de identificação?

Os próprios Iahweh, Cristo e o Espírito Santo, os profetas, os apóstolos... submetem-se à identificação, prometeram como prova de identificação e realizam inúmeros milagres. Os espíritos dos mortos não devem nem sequer dar seu verdadeiro nome?
Mas... o cúmulo: Umas linhas mais adiante ("O livro dos médiuns", nn. 255-259) o próprio Kardec se contradiz completamente:

"Deve-se concluir daí que a recusa de um espírito a afirmar sua identidade, (quando interrogado) em nome de Deus é sempre uma prova manifesta de que o nome que ele tomou é uma impostura; mas também que, se ele o afirma, essa afirmação não passa de uma presunção, não constituindo prova certa".
Por evitar jurar em falso seria honesto quem está cometendo uma impostura?!

"O próprio espírito afirmou" estar com fome... Mas não era verdade. Tinha repugnânci
E MAIS ABSURDOS E MAIS CONTRADIÇÕES!

Continua Kardec destruindo contraditoriamente todo intento de identificação: "Dirão sem dúvida que, se um espírito pode imitar qualquer assinatura, pode também pode também imitar a linguagem. Assim é. Vimos alguns que utilizavam com descaramento o nome de Cristo, e para iludir melhor, simulavam o estilo evangélico, prodigalizando a torto e a direito as palavras bem conhecidas 'em verdade, em verdade vos digo'" (n. 223).

Continua Kardec: O médium "tira de sua imaginação teorias fantásticas que, de boa fé, julga resultarem de uma comunicação (...) É de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio espírito do médium (...) São os próprios médiuns que, arrebatados pelo ímpeto de suas próprias idéias, pelas lentejoulas de seus conhecimentos literários, (...) apresentam suas próprias idéias como sendo dos espíritos" dos mortos (n.241).


E "porque eles próprios o afirmam" vamos a aceitar a doutrina espírita?
Como acreditar em espíritos que começam mentindo, roubando e apresentando-se com adornos alheios, apresentando-se como os mais nobres, os de máxima luz, os mais puros?
Compreendem-se essas imposturas em manifestações do inconsciente. Mentiras, imposturas, compensações psicológicas... são próprias da histeria.

Pela afirmação de que os espíritos se atribuem nomes que não lhes correspondem, o próprio Kardec e "mestres" espíritas excluem a participação dos espíritos bons nas suas sessões. Então o argumento "porque eles mesmos o afirmam..." só é válido, quando nos dão nomes de espíritos inacreditáveis, baixos, vulgares e desconhecidos!!

O curioso (?) é que Allan Kardec implicitamente reconhece isto: nenhum espírito bom, nenhum "espírito superior" na terminologia dos espíritas, poderia usar um nome que não lhe corresponde:

Perguntando a um espírito que sob juramento se autodenomina Filho de Deus, Kardec argumenta: "És então Jesus? Isto não é provável. Jesus está muito altamente situado para empregar um subterfúgio".

=Portanto, usar esse subterfúgio de nome que não lhe corresponde é exclusivo de espíritos (?) de baixo calão.

Só se poderia acreditar, contraditoriamente, no "pai da mentira", os demônios (os espíritas identificam espíritos de mortos perversos com os demônios). Se segundo o espíritos de luz mentem conscientemente e pavoneiam-se soberbamente, contraditoriamente só seria verdadeiro o testemunho dos mentirosos demônios quando reconhecessem humildemente (nunca!) serem baixos e perversos! Portanto, o testemunho espiritóide essencialmente é sempre nulo, nada vale.

O curioso é que o próprio Allan Kardec refuta diretamente o argumento (?) de que "eles próprios o afirmam"! Kardec abertamente nega toda autoridade aos espíritos, precisamente porque não-identificados. Toda a autoridade estaria única, apriorista e contraditoriamente no bom senso (?) dos seguidores desta suposta revelação espírita...: "Não há outro critério, senão o bom senso para se aquilatar o valor dos espíritos. Absurda será qualquer fórmula que eles próprios dêem para este efeito e não poderá provir de espíritos superiores". (E por sua vez, esta afirmação, em contradição com o argumento, é também contestada pelo próprio Kardec em outras oportunidades).
REFUTAÇÃO BÁSICA

É muito difícil ou impossível encontrar uma linha reta de argumentação em Kardec. Como em toda pessoa vítima de fanatismo, precisamente porque o fanatismo não tem lógica nem argumentação coerente.

O caso é que nas "Obras póstumas", com referência à sua iniciação no espiritismo, Kardec mostra que nunca chegou a identificar o seu próprio espírito guia! Ou sempre procurou fugir, escapulir, escorregar...

Primeiro, sob o título "Meu espírito protetor", Kardec fala do espírito de Zéfiro. Depois, sob o título de "Meu guia espiritual" e cognominando-o de "meu espírito familiar" já passa a chamá-lo "A Verdade". Mas, mesmo assim, o caráter escorregadio de Allan Kardec projeta-se no seguinte diálogo. Kardec: "Animaste alguma pessoa conhecida na Terra?" Resposta de A Verdade: "Disse-te que para ti eu era A Verdade. Este (termo) 'para ti' quer dizer 'discrição', não deves querer saber mais".

E deste desconhecido, deste não-identificado, de quem nem tentar decifrar a identidade é permitido, Kardec teria recebido a missão de implantar o espiritismo!
A doutrina revelada... por quem? Pode haver maior contradição ou mais completa refutação do pretenso argumento "eles mesmos o afirmam"?