quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Alma Nua

Doses de perene solidão
Devaneiam em conjunto
Paralelo com a morte
Celebrando a conquista nua.
Na vaidade sem espelho
De sorte crua
Que, de tanta ambição
Não há Lua ou sol
Na distância, nenhuma felicidade é completa
Assim, quando ainda repleta
De tantos grunhidos rasgados
Pela memória de uma ilusão redundante.
Nada se faz constante
Nada é suficiente o bastante
O gozo não é forte para seguir adiante
A alma é puro vácuo, espera infinda
Essa paz sui-gêneris só atormenta.
Na busca do cobertor, colhi vários deles
E nenhum comportava os meus pés;
Joguei-os todos fora.
É o preço que pago pela imprudência
De querer valer a vida
Pela espera da Verdade
Do auto-exílio da mediocridade.
Neguei tanto quanto pude
Escolhi um alto custo a pagar
Comprei a chama acesa e viva
Na esperança do porvir, d'um arrebol
Comprei os riscos a prestação
E assumo, ainda que com lamento.
A solidão é meu atestado de negação
A tudo que não me seja intenso.
O meu grito não encontra eco
A voz é muda, na mais profunda
Recíproca de inversão.
O imaginário não mais comporta
Esta porta sem fechadura.
O quarto está escuro
A noite está fria
E não há nenhuma novidade,
Nem mesmo o sofrimento.
Abaixo a guarda e sinto
Todo os bons sentimentos
Que derivam do amor
Os mesmos - essas verdadeiras moléstias! -
Que me proporcionaram a Ilha
E toda a tragédia que ela representa.
Sim, por essa não esperava:
O mesmo que fundamenta
As grandes causas do mundo
Também é capaz de devastações
Na mesma nobreza de um jumento.
Nietzche não estava certo quando bravejou
Não haver valor maior do que o auto-pertencimento
Todavia, a quem importa?
Se o auto-pertencimento sequer é uma opção,
A idéia é tão completa quanto uma alma nua.


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