segunda-feira, 23 de abril de 2018

O acaso das flores

A mesma saudade que corrói
No olhar, pela vidraça, de estonteante jardim
Faz viver os mais belos desejos
Num ter não tendo
Sentir, não sentindo
No sentido da plenitude
Em não sentindo a cor da carne.
Jogam-me ao acaso belas flores
Que não posso sentir nem tocar
Mas são capazes de transbordar
Todos os sentimentos
Que derivam do amor.

E eu, que de amor tão pouco sei,
Abracei tal jardim
Sem poder abraçá-lo
Apesar do pesar da tumba desta ausência
Explode em mim uma arte translúcida
Pois que toca em mim toda intensidade
Da certeza desta vida em festa
A celebrar o encontro vindouro
Da unidade de todos os sentimentos
Que derivam do amor.

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