segunda-feira, 20 de julho de 2009

Maria Joaquina

Magno ser, que dizes hoje para mim?
Grande faca do mugido, que sobra só a gemer
Se sou um dos poucos demônios assim:
Elegantes, deste inferno do descrer.

No alto mar, que isola quaisquer lembranças
Aturando o outro pensamento que, de tão leve,
Leva embora. Matanças morais, lambanças
Não desfaz o véu que sinaliza à plebe.

Maria Joaquina, que desde menina,
Foi presa sem dó nem piedade, por teu Pai
Que usurpou-a do direito de pensar sua sina
Obrigando-a negar a si, enquanto distrai.

Somatório de todas as coisas, prestes
A responder prontamente tuas questões.
Arrancando brutamente tuas vestes,
Banindo qualquer desejo, sem perdões.

Mas és criação, não criatura nem criador,
Partiu de manto que se desfez. Como a Maria,
Recobro-me a lucidez, amando-me sem dor
Mas não aos homens, como vossa criação o faria.

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