Pouco se percebe que o mito está presente a todo tempo nos nossos dias. Nossas crenças, como um todo, baseiam-se em concepções mitológicas, seja a mitologia predominante da atualidade – a cristã – seja uma crença qualquer em que não se sabe os meios do objetivo atingido. Estamos rodeados de mitos – e muitas vezes é até necessário que seja assim.
Nada poderíamos fazer se não estivéssemos rodeados pelos mitos. O mito exerce uma função que, se não é esclarecedora, anestesia nossas angústias em relação ao que simplesmente não podemos compreender. Precisamos aceitar que se tomarmos o remédio que o médico nos recomendou, ficaremos sarados de uma enfermidade. Não podemos nos questionar se nos foi destinado um veneno, sob o risco de não ingerirmos uma substância que possa curar nossa chaga. Nesse caso, a dúvida pode trazer um malefício irreparável. Contudo, há variância de acordo com o referencial: assim como os mitos religiosos e até mesmo na salvação pela espada, que na história da humanidade já vitimou tantas pessoas em todas as épocas de nossa história, dentre os mitos práticos recentes, talvez o nazismo tenha sido o mais destrutivo com sua fantasia de uma “raça superior”, utilizando-se de propagandas, filmes, discursos inflamados, etc., sendo capaz de mobilizar toda uma nação em volta de um devaneio baseado na força do mito.
O mito também é pedagogicamente importante, por ir onde a razão não alcança e também por não ser cansativo – ao contrário, não raro fascina. O mito baseia-se, como um todo em arquétipos e simbologias que tangem o emocional, lidando amiúde com estruturas “universais”, já que oferece explicação para temas como a morte, a vida e os fenômenos naturais. Contudo, o misto de transgressão, sentido e falta de veracidade fazem com que o mito tenha um alto grau de periculosidade. Os gregos foram riquíssimos em mitologia e hoje temos como conseqüências arquétipos universais, provenientes daquelas mitologias helênicas.
A Bíblia como livro mitológico é extremamente rica, com todas as suas explicações para a origem das coisas, o apocalipse, o homem que é Deus, a transgressão de Adão e Eva, a propagação do ato de comer o que seria o corpo de Cristo (antropofagia) ou beber o seu sangue, etc. Os próprios rituais (repetição) também fazem parte do mito, como por exemplo a crença de que um gesto pode trazer uma graça. A problemática em relação à Bíblia (ou qualquer outro livro religioso) vem a partir do momento em que tomamos a Bíblia pelo lado científico e racional, que é ausente. A confusão desses valores pode trazer prejuízos intelectuais.
A semente da dúvida que foi plantada no nosso inconsciente pelos primeiros filósofos que, ainda cercados de mitologias e explicações inspiradas nos deuses para os fenômenos naturais, hoje tem imensuráveis frutos para o nosso pensamento ocidental. O mito é um conhecimento válido do ponto de vista da construção da epistemologia e da estruturação do pensar. O mito tem os seus pressupostos não esclarecidos, e muito de sua força é perdida na concepção do mito como simples “lenda”.
Boas idéias sobre os mitos!!Por que não conta a historinha do mito da caverna?
ResponderExcluirEsse blog me lembra aqueles velhos tempos em que queria mudar o mundo!
cheiro
Dani
Danizinha, querida!!!
ResponderExcluiresse mito está em todo canto :)
uma vez que eu conte, serei mais um.
xêro!!!