Jogo os dados
Cruzo os dedos
Queimo as velas
Nesse impulso
(in)voluntário
É meu corpo
que queima!
Eu, que sempre fui vítima
das probabilidades
Que tanto doei
Ao ponto de me sobrar
apenas o desencanto
Hoje sei que o acaso
é o rei do amor
Que às vezes
a lógica deve ser dopada
Para que não reste nada
além de tudo que possa
contorcer a existência crua
da realidade nua
Que desnuda todos os vícios
da paixão e do encanto
Ah, amor
Quantas mentiras
me contaram sobre ti
E quanto tempo me iludi
Tentando entender tua natureza
Tu és real
Mas de tantas máscaras
que em ti colocaram,
pareces-me mais uma farsa
Inocente, pura, perenemente calada
Vítima do que fizeram de ti.
Montreal, agosto de 2014
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